Mito ou Razão?
sábado, 27 de outubro de 2012
Vitorinha, Vitorinha....
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Parágrafo da minha vida – ou carta aos amigos do Direito
domingo, 18 de dezembro de 2011
Marcha fúnebre pra dialética!
domingo, 28 de agosto de 2011
Infância Perdida... !
A lógica do consumismo impregnada no mundo ocidental é bem danosa, porque cria necessidades desnecessárias, que se iniciam no plano material e transcendem aos demais aspectos da vida. Quando um objetivo material é alcançado, ele já não mais satisfaz, e o consumidor passa a buscar outro produto para acalmar sua ânsia de possuir sempre aquilo que não tem, mesmo que ele já tenha quase tudo. A batalha para se ter sempre mais é constante, e é daí que vão surgindo as concepções individualistas e egoístas que, infelizmente, prevalecem em nossos tempos. Na procura da matéria, as pessoas se esquecem de valores humanistas básicos, não raramente, passando por cima de tudo e de todos para alcançar sua meta.
A maior vilã dessa estória toda é a propaganda, porquanto potencializa a vontade de consumir através de instrumentos de extrema eficácia em termos de influenciação.
Pior ainda é verificar que todo esse projeto recai brutalmente sobre as crianças. É indubitável: os pequeninos são mais vulneráveis às campanhas publicitárias. De acordo com a Associação Dietética Norte Americana Borzekowiski Robison, são necessários apenas 30 segundos para uma marca influenciar uma criança.
Outro dado importante foi confeccionado pelo Centro de Pesquisa Intersciente, cuja pesquisa esclarece que 80% da influência de compra de uma casa advêm das crianças. Os marqueteiros sabem disso, e não poupam esforços para atingir resultados. No intuito de aumentar a arrecadação de seus clientes, direcionam a publicidade para o público infantil sem maiores pudores.
Em posse dessas considerações, podemos observar também que há um desejo dos grandes empresários de que as crianças tornem-se consumidoras diretas desde cedo. Daí a utilização de alguns mecanismos que forçam um amadurecimento precoce dos menores. Quer um exemplo? http://www.youtube.com/watch?v=A0BJ5_ckhHQ&feature=related
Comerciais dessa natureza não têm nada de bonitinho. A intenção é meticulosamente planejada. Funciona assim: o amadurecimento pretendido pelos publicitários vai se pautar, basicamente, na inserção de valores fúteis nos meninos e meninas. Primeiro, retiram-lhes a vontade de brincar criando um mundo sedutor nos aparelhos televisivos, fazendo com que fiquem cada vez mais bitoladas nas atividades que menos lhes acrescentam pessoalmente, preferencialmente as que ceifam a relação das crianças com seus pares, e com o próprio meio ambiente. Não é por acaso que as atividades infantis são cada vez mais individualistas: ver TV, jogar videogame, tampar os ouvidos com fones para ouvir o tocador de mp3, brincar no computador. Quanto mais reclusas elas ficarem, melhor.
A criança passa a assistir mais e a viver menos. Desenvolve com precariedade uma relação de intimidade própria e de auto-conhecimento. Em suma, descobre a si mesma muito pouco. Vai ficando vazia de emoções e de personalidade. Tcha-ram! Embrião pronto para os marqueteiros. Vazias que estão, serão preenchidas com a vontade de comprar. São bombardeadas pelas propagandas de valores fúteis, e vão se tornando mais suscetíveis à opinião alheia e à indução publicitária. É estruturado pelos canais midiáticos – mas não só por eles - um círculo fechado, do qual não se pode participar se não se possuir determinados produtos mostrados nos comerciais. Quanto mais cara a mercadoria adquirida, mais sensação de pertença ao “grupo” se terá.
Dessa feita, as meninas passam a querer se maquiar mais cedo, usar bolsas da moda, ficar horas no salão, pintar a unha com o esmalte novo da Susie! Os meninos não ficam pra trás, chuteiras da marca X – que geralmente são as caras -, sandália do Senninha, e por aí vai. É claro que isso também vai interferir na formação sexual dos pequeninos, que pode, por isso, se dar mais cedo.
Vejamos mais alguns indícios. Há dez anos os desenhos favoritos da galera eram Cavaleiros do Zodíaco, Dragonball Z, Pokemon, desenhos que, querendo ou não, disseminavam ideais de perseverança, amizade, cumplicidade. Ao notar meus priminhos e seus amigos, vejo que uma das febres de hoje é o Ben 10, um menino arrogante que maltrata a irmã. Outro bem famoso é o cartoon “Três Espiãs demais”, protagonizado por três amigas que, enquanto salvam o mundo, se divertem fofocando sobre os gatinhos da faculdade e falando das compras que fizeram no shopping. Ora, os pequeninos vão reproduzir o que vêem em sua volta, isso inclui os heróis dos desenhos, por quem as crianças nutrem verdadeira admiração e também por quem são acompanhadas cotidianamente.
É muito importante que nos perguntemos quais valores queremos passar para a criançada, porque somos nós que permitimos tudo isso. Se desejamos criar uma sociedade menos fútil e, portanto, mais sensível aos problemas do mundo, é preciso que prestemos mais atenção nas nossas crianças.
Para quem quer ir mais a fundo na toca do coelho, um documentário imprescindível sobre o assunto é o “Criança, a alma do negócio”, cujo trailer encontra-se no link:
http://www.youtube.com/watch?v=UbVtDnOyxHE
domingo, 19 de junho de 2011
Baderna ou Justiça?
Em apertada síntese: quinta de manhã, dia 02/06/2011, revolta no Centro da cidade contra as altas tarifas cobradas pelo serviço de transporte público. Houve obstrução de todas as vias por parte dos manifestantes. A polícia, a mando do vice-governador (o titular do cargo estava em Brasília) chegou e reagiu com bombas e balas de borracha. Pela tarde, os manifestantes reprimidos no Centro se dirigiram à Universidade Federal, onde foram acolhidos pelos estudantes. Houve mais repressão policial militar (que no ES é chamada de BME). De noite, os alunos caminharam por uma das principais avenidas de Vitória, rumo à ponte mais importante da cidade. Lá, foram recebidos com estratégia de guerra, cercados pelo choque e pela cavalaria, aproximadamente 30 estudantes foram presos sem qualquer fundamento legal, isso sem contar os chutões e demais grosserias praticadas sobre quem quer que estivesse transitando na hora.
No dia seguinte, houve uma passeata organizada até a ponte já referida, tendo sido abertas as cancelas do pedágio. Isso depois de o BME ter recuado diante de seis mil pessoas que aderiram ao movimento.
Muita gente, no meio social, tem se colocado contra a manifestação. Em termos gerais, comprou-se a idéia midiática de que a “baderna” feita pelos alunos legitimou a ação violenta da polícia.
Simbolicamente, esse protesto representou um grito dos alunos, sobremaneira dos pertencentes à Universidade Federal, que há muito estava sufocado. Isso porque, desde sempre, e também recentemente, o Estado vem praticando abusos para com os seus cidadãos. Há poucas semanas, por exemplo, foi divulgado um vídeo de os policiais desapropriando pessoas carentes, com uma brutalidade tanto impressionante, quanto desarrazoada, no município de Aracruz. Tudo para que a sede de uma grande empresa fosse instalada.
Na manifestação do dia 2, os ânimos estavam inflamados. O grito eclodiu perante os abusos do Estado. Afinal, os alunos são treinados nos ambientes acadêmicos pra isso, desenvolver pensamento crítico e lutar por seus direitos. Resultado? Repressão! O pior tipo que se possa imaginar. Policiais militares – estaduais - atirando bombas dentro de uma Universidade Federal.
É muito importante ressaltar que não é o Estado que cria a Constituição. É exatamente o oposto, ela é que legitima a existência estatal, e é ela que vai determinar como ele pode proceder. A Constituição Federal foi criada pelo Poder Constituinte, e está ACIMA dos poderes de qualquer governante, inclusive do Presidente. Aliás, uma das funções do Texto Magno é limitar a ação estatal, evitando formas tirânicas de governo.
Destarte, a letra da Carta Constitucional, pro que nos interessa, no que tange os direitos e garantias dos indivíduos, é inquebrantável. O direito à manifestação livre está lá positivado, no art. 5º, inciso XVI. Quando um governador fere a Constituição, ao violar a liberdade de expressão dos alunos, ele desrespeita o próprio poder que o legitima como representante do povo.
Quem está interado sabe que a hora que a polícia mais atacou foi na quinta de noite, quando o movimento já tinha sido “organizado”, não havia mais vias obstruídas, só alguns alunos marchando pela cidade em busca de seus direitos.
A Manifestação Popular é o Ministério Público do povo. Representa uma verdadeira forma de fiscalizar aqueles que lidam com o dinheiro público. Convenhamos, as coisas não estão boas, falta saúde, educação e infra-estrutura básica. Se o governo não tiver medo dos seus governados, então ele não irá agir com eficiência e presteza.
É que é introjetado no corpo social, desde cedo, a idéia de se acostumar com o medíocre. Por isso, também, é que ninguém luta, pois estão acomodados na torcida de que as coisas não piorem tanto. Ora, acreditar que podemos alcançar uma qualidade de vida boa não é utopia. É plenamente praticável obter do poder público uma assistência social de qualidade, e não ter que se conformar com investimentos super-faturados ou desviados. Tantos países, em maior ou menor grau, já gozam dessa suposta utopia, nos provando que é possível. Contudo, a verdade é que, pra chegarmos nesse patamar, será necessário pressionar os governantes. Mesmas ações trazem mesmos resultados. Se ficarmos inertes, nada tende a melhorar.
Se a manifestação contra as passagens altas do transporte público foi ou não bem conduzida, não se pode precisar. O que se sabe é que os alunos estavam exercendo um direito garantido constitucionalmente, e o Estado não pode repreendê-los com violência, através da polícia. A polícia institucionalizada, no Brasil, foi criada por cerca de 1830, sob a epígrafe de Guarda Nacional, e servia para manutenção dos interesses dos famigerados coronéis. Hoje, estes ainda existem, mas com outros nomes. A polícia continua não desenvolvendo uma política de proteção à sociedade, mas de repressão.
Enquanto estivermos presos aos dogmas egoístas impregnados na sociedade desde que houve a bipolarização das classes, exploradores-explorados, dogmas que, por exemplo, nos conduzem à condenação de um movimento social contra um serviço público mal gerido, seremos reféns do Estado, na medida em que remamos em desfavor daquilo que fazemos parte: o tecido social humano.
Aliás, no caso dessa manifestação em especial, vale lembrar que o Direito à educação também é constitucional e, em se tratando de tempos em que se almeja um Estado verdadeiramente democrático, a busca em efetivar as garantias previstas na Carta Maior, como a educação, tem que se dar no campo prático. Tal busca, inexoravelmente, passa pela discussão sobre a prestação do serviço do transporte público, já que ele é tão vital para que os alunos cheguem até suas escolas.
Criticar o movimento do alto do conforto do sofá é muito fácil e cômodo. Se alguém discorda de alguma proposta do manifesto, que junte-se ao movimento e sugira melhorias. O que não pode é, diante dessa safadeza com o dinheiro público alastrada por toda a pátria, querer tirar a legitimidade dos corajosos que estão lá nas ruas, tomando tiro de borracha, lutando por dias melhores.
Finalmente, para aqueles que concebem não estarem os alunos protegidos pela Constituição, entendem que uma manifestação desrespeita a ordem civil e a segurança jurídica, que classificam os manifestantes de baderneiros, eu proponho a seguinte reflexão: Quando a execução da Lei se faz contra a moral, é imoral lutar contra a execução da Lei?
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Matrix – ficção e realidade.
[Assista Wake Up Call - saindo da Matrix, o documentário mais completo feito até hoje sobre como o mundo é desenvolvido de acordo com o interesse de poucos, a Matrix na vida real, aqui.]
A trilogia Matrix está entre as mais conhecidas e renomadas obras já feitas por Hollywood. Enquanto alguns pensam tratar-se apenas de um filme com ótimo enredo e cenas de ação muito bem trabalhadas, uma minoria consegue compreender que o filme, em verdade, enfoca debates filosóficos da introdução até o último segundo.
É certamente a obra cinematográfica mais circundada por metáforas simbólicas. A estória contada é tão eficiente em tecer analogias que, para vasta maioria, esse aspecto passa despercebido, invisível mesmo. Imaginam ser apenas um conto louco e criativo, divertido. No entanto, o objetivo do filme é mais ousado, um alerta para aqueles que entendem.
Sinteticamente: a fábula se dá em torno de Neo, um hacker que sempre possuiu dificuldade em aceitar imposições. Sentia-se descabido no mundo, porque não aceitava os padrões que lhe eram oferecidos na sociedade. Em certo ponto, aparecem seus mentores e explicam que o mundo que ele vive é, na verdade, um sonho decorrente de um coma induzido. Na real realidade, ele – e grande parte dos humanos – estão enclausurados em cápsulas, dormindo, fornecendo energia para máquinas, até o momento que se libertam, percebendo que há algo de “errado” com o mundo em que vivem. É quando acordam do sono profundo. É que nesse universo, o factual, há uma guerra entre humanos, e máquinas com inteligência própria. Aqueles que ainda não conseguiram se libertar desse mundo – A Matrix -, encontram-se em estado vegetativo, alimentando a força das máquinas com sua energia biológica. Enquanto isso, sonham. Esse sonho seria, na concepção do filme, a imagem do contexto que vivemos hoje, tal qual ele é.
Dentre milhares de mensagens possíveis a se depreender do filme, uma é sobressalente. De acordo com essa percepção, é fácil entender que as pessoas na verdade não vivem, não agem conforme sua vontade própria, tudo não passa, senão, de mera projeção da realidade. Nada que é, é. Presumem estar vivendo, mas estão apenas dormindo.
A metáfora mais importante do filme se dá com relação a esse ponto. Basta compreender a Matrix como um grande estado de inconsciência. Muitos foram os intelectuais que tentaram e tentam nos avisar que nossas ações são induzidas em grande parcela pela parte inconsciente de nosso cérebro. Imaginamos, todo o tempo, estar tomando condutas de acordo com nossos desejos interiores. Contudo, se pararmos pra analisar, muitas de nossas ações são motivadas por inúmeras razões que não a nossa própria. São fatores que incidem em nossas ações a pressão social, a lógica consumista, o discurso de dominação das instituições, o moralismo, etc.
Enfim, várias são as normas que nos remetem a um padrão intocável. Um modelo de perfeição. Um caminho a ser seguido pelas massas, sob pena de não ser alcançado o tão almejado sucesso profissional e financeiro. Ao menos é assim que nos é transmitido. Repare em como as coisas são recorrentes no nosso mundo. As pessoas se parecem cada vez mais, os pensamentos se repetem, as concepções individualistas, as músicas, as roupas, os programas de TV, as formas de diversão! Tudo só pode ser feito se estiver dentro de um padrão razoável pré-estabelecido pela sociedade. Esse caminho a se trilhar nos é passado como se fosse lógico –e único - quando, com efeito, não faz qualquer sentido. Não no campo da verossimilhança.
Senão vejamos: em termos acadêmicos. A linha é: estudar AQUILO QUE A ESCOLA MANDA – importante frisar essa parte-, ser um aluno obediente, tirar boas notas e, finalmente, chegar ao ápice, o sucesso e reconhecimento!
Ora, se esse caminho lhe parece corretamente indiscutível me explique como inserir Einstein nesse arquétipo? Como tentar classificar a cabeça de Albert? Atribuindo-lhe uma nota? Ele simplesmente não cabe em qualquer padrão. Não é por acaso que, na escola, reprovou duas vezes. Ele não é 0, não é 6 e muito menos dez. Ele é 15! Mas 15 não cabe, 15 é diferente, 15 não pode. “Você só pode ser até dez Albert, por isso, te reprovo, pra que você nunca mais pense que ser um gênio é certo!”, devia pensar seu professor...
Alguém consegue ver algum sentido nisso?
Queriam que Einstein fosse como os outros. No entanto, ele era diferente, e sua diferença consistia em sua genialidade. Sorte a nossa que a incidência das normas de adequação aplicadas ao físico não suflagraram sua genialidade. Infelizmente, nem toda particularidade prospera nesse sistema métrico.
Pois bem, voltando ao nosso objeto. Neo não aceita que modelos pré-moldados recaiam sobre ele sem sua anuência. Não permite que seu inconsciente faça-o agir sem que ele tenha a perfeita ciência do que está fazendo e, mais importante, por qual motivo está fazendo. No filme ele é denominado “O escolhido”. Não vejo possibilidade de um nome mais pertinente. Neo é o escolhido porque ele faz as suas ESCOLHAS, isento de qualquer valor social, moral ou institucional.
Pode vir à tona outra pergunta: porque fazer prevalecer o indivíduo sobre a estrutura? Porque a estrutura no filme, e na nossa realidade, é alienante. E mais, ela é alienante em nome de um propósito, qual seja, dominação. Quanto mais dóceis os corpos, mais fácil tê-los à disposição. Não se iludam, as pessoas que estão no poder tem essa nítida noção, seja nos cargos políticos, nas corporações multinacionais, no corpo docente acadêmico ou no telejornal das 8.
As coisas são feitas para ser exatamente como são. O sistema de qualquer instituição serve apenas para manutenção da mesma, isso em qualquer âmbito.
Diante desse contexto, O poder de escolher é uma dádiva. Um talento! Se tomarmos as mesmas atitudes, os resultados sempre serão os mesmos. Quem acredita na mudança sabe que ela começa com uma interrogação. O sujeito deve se formar a partir dele mesmo e com destino a ele próprio, tudo a partir do questionamento das estruturas pré estabelecidas por sabe se lá quem.
O certo é que não há modelos certos para se produzir um resultado, não existe uma fórmula pronta pra nada. Qualquer um , de qualquer forma, pode atingir qualquer objetivo, qualquer que seja sua vontade, mediante qualquer singularidade que possua, em qualquer momento. Basta, para tanto, dedicação e, muito mais importante, VONTADE. Resultado desses componentes? Escolha.
Despadronize-se. Busque o seu ideal, a sua forma. A que está na TV e no discurso dos mais velhos pode, ou não, te servir.