domingo, 17 de outubro de 2010

A lógica do Direito do Trabalho - instrumento essencial na sociedade conflituosa contemporânea

Marx dizia sobre a sociedade de classes em que uma tentava exercer poder sobre a outra. Foucault, por seu turno, propunha que o poder se desenvolvia conforme uma microfísica, isso é, estaria presente em qualquer ambiente que apresentasse relações sociais.

A despeito da opinião dos críticos e seguidores desses pensadores, fato que não podemos ignorar é a presença de interesse, e portanto de relação de poder, no mundo do capital. Para confirmar tal precedente, basta notarmos o ambiente que vivemos. Impera, nesse mundo, uma lógica individualista, que se legitima no próprio modelo capitalista. Sobre isso, também não há o que contestar. A essência do modelo capitalista é o individualismo.

Individualista que nos tornarmos, aprendemos a requerer nossos interesses custe o que custar. E, evidentemente, se somos mais de 8 bilhões no planeta terra, não se pode olvidar que nem todos interesses vão ser compatíveis. Enfim: convivemos o tempo todo com vontades antagônicas. Um prefere preto, outro branco. São 8 bilhões de realidades distintas.

Diante desse contexto, surge a questão: como pode o homem, animal societário –em tese- que é, conseguir realizar suas relações e obter seus interesses, sem entrar em conflito com seus semelhantes? Ao que parece, existe uma tendência em as comunidades se inserirem em um clima litigioso, já da existência de tantos anseios distintos.

Para resolver essa situação, parece que os pensadores do Direito, mesmo que muitos não se dêem conta da importância de sua atitude, encontraram uma solução. E essa solução reside no cotidiano, mais especificamente, do Direito do Trabalho.

Ora, esse ramo jurídico tem que lidar com interesses diametralmente opostos todos os dias, o do empregador e do empregado. Reflete, dessa sorte, a dicotomia exata que Marx propugnava com o conceito de conflito de classes. Aprendendo com isso, os operadores do direito elaboraram uma forma bastante inteligente para se lidar com esse impasse: a NEGOCIAÇÃO!

Na negociação, uma parte relativiza algumas vontades, a outra também, e ambas se encaminham para um denominador comum, que atenda parcialmente aos dois pólos. É claro que nem sempre tal processo será tão pacífico ou irá suprir as duas demandas. Mas o fato é que, diante de um campo social com tantos interesses divergentes, sábio é aquele que consegue negociar com o maior número de diferenças possíveis. Aceitar o próximo e, mais, aprender com o próximo. Nada obstante, quem compartilha desse ideal estabelece um maior número de relações, com as quais, possivelmente, ele poderá contar em uma situação de necessidade.

Por isso, busquemos negociar! Seja qual for o local, familiar, de trabalho, acadêmico, político. Assim, penso, vamos mais longe do que se nos mantivermos arraigados somente em nosso valores apriorísticos.

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